quinta-feira, 26 de março de 2009

Cartaz Arte

Um delicioso passeio pelos mestres que faziam de simples cartazes, verdadeiras artes.

Grande sacada da Folha

Coleção Folha Grandes clássicos do Cinema.
O grupo Folha inova mais uma vez e coloca no mercado uma coleção de 20 filmes clássicos, com direito a livro com a história do filme , bastidores e biografia das estrelas, junto com o DVD da película.
Vale colecionar e ter em casa grandes filmes que marcaram a história do cinema mundial. No lançamento eles escolheram o magnífico "E o vento levou", com um DVD a parte com os extras. A coleção ainda tem títulos inesquecíveis como CasaBlanca, Cantando na Chuva, Gata em Teto de Zinco Quente, Pacto Sinistro, Dr Jivago, Gigi, À meia luz, e muito outros.
E tudo isso pela bagatela de $14,90. Realmente só não coleciona quem não gosta de cinema. Eu indico.

Na dúvida não vá

Não resta dúvida de que os grandes artistas de Hollywood são grandes pelo talento que carregam e também pelos contratos firmados que fazem deles um escravo da própria fama. O filme Dúvida, 2008, direção de John Patrick Shanley, estrelado por Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman, dois dos maiores representantes dos que tem definitivamente talento, é uma prova disso.
A primeira impressão que se tem é que se trata de um filme brilhante por reunir esses dois monstros. A premissa nos faz planejar a ida ao cinema, convidar amigos, falar antecipadamente bem do filme, comprar o bilhete e esperar para quando ao fim da película se gabar: "Eu não falei que era maravilhoso." O filme Dúvida é um caso de total frustração para cada estágio desde o planejamento até o ascender das luzes. Sabe aquela sensação estranha quando vc espera algo a mais e esse algo não chega e de repente os créditos sobem e você fica com aquela cara de... fui enganado. Dúvida é terrivelmente ruim.
O filme tem dois momentos bons: o trailer é fascinante porque cumpri a risca o seu papel de atrair para o filme, mostrando justamente a única cena em que há de fato um duelo de titãs entre Streep e Hoffman, que faz com que qualquer amante do cinema queira ver pensando que aquele êxtase cinematográfico desenvolve-se em vários momentos do filme. Mero engano. Tirando essa cena, o filme é uma sucessão de diálogos vagos, de uma história que não convence, de um enredo que se perde na sua própria dúvida. Na dúvida... não vá.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Milk é um sopro

Milk - a voz da igualdade, 2008
Harvey Milk era simplesmente mais um entre tantos homossexuais que viviam a margem da sua própria sexualidade. Trancafiado dentro do medo de se expor, vivia uma vida até medíocre antes de mudar-se de mala, cuia e um bom namorado para a "aparentemente" livre San Francisco. Assim Milk dá os primeiros passos para transformar-se no primeiro político abertamente ou declaradamente gay a assumir um cargo público nos Estados Unidos da América.
Essa é a história. Agora... como ele conseguiu tal proeza? A partir dessa pergunta é que o filme Milk - a voz da igualdade, 2008, direção de Gus Van Sant e interpretado pelo sensacional Sean Penn, se propôs a mostrar. O que de fato fez com muita maestria e sensibilidade para narrar uma história de luta e superação. O bom de Milk é que ele desperta em qualquer pessoa sentadinha na poltrona um desejo voraz por fazer algo que realmente mude, algo que seja importante não só para satisfazer o circulo do nosso umbigo, mas para entrelaçar e agregar milhões de pessoas.
Não se tratava de um ativista lutando pela sua causa. Tratava-se sim de lutar por vidas. Por construir uma história alicerçada em sentimentos de liberdade, respeito, oportunidades e futuro. Milk foi um corajoso que se colocou a frente do seu tempo e falou, expôs um assunto repugnantemente proibido e camuflado. A homossexualidade era tratada como distúrbio. Pasmem... Até hoje encontramos pessoas que pensam assim, imaginem na década de 70.
E como num sopro forte e profundo Milk conquistou o que tanto queria. Pagou caro. Mas seu sopro ainda ecoa. Precisamos urgentemente de mais Milks. Alguém se habilita?

segunda-feira, 9 de março de 2009

Beije-me

Oito Oscar. Uma fotografia pertubadora. Uma direção acertada e realizada com cuidado. Ela tem começo meio e fim. Nada passa despercebido aos olhos de Danny Boyle, que com maestria conduz os inúmeros personagens. O filme comove também por ter um roteiro recheado de elementos que o cinema tanto adora. Pobreza, miséria, sonhos, exploração, violência e claro, amor. O diferencial de Quem Quer Ser um Milionário talvez esteja na ótima interpretação de todos os atores. Dos mirins aos mais velhos. Outro destaque é que o filme mostra uma Índia devastada pela pobreza e descontrole populacional. Em muitos momentos nos lembra cenas de nosso bem amado Brasil com suas infinitas favelas cobertas de papelão. Mas independente de todos esses elementos, o filme é contagiante e desafiador. Uma produção americana, filmada numa ìndia de contrastes, com todos os atores desconhecidos ou quase e com um roteiro de encher os olhos. O filme empolga como em um jogo. A cada partida ou cena que passa, o público se enche de fôlego e não mexe da poltrona um único instante. Há no ar um sentimento de torcida para que o pobre menino, cheio de pesadelos que sonha com o seu amor se torne um ganhador. Tudo na verdade estava escrito, selado com um doce e esperado beijo para anunciar o final. O diretor só errou em uma coisa. O nome do filme no original em inglês se chama "Slumdog Millionaire", o que quer dizer algo do tipo, Vira-lata Milionário. O que causaou revolta em muitos Índianos. sic...

quinta-feira, 5 de março de 2009

Companhia Musicada

Gosto de filmes musicados. Quando falo musicados quero dizer sublinhados em sua maioria por um fundo musical que eleva a trama, dando o ar muitas vezes de tristeza, solidão, descompasso, tempo que passa. Não se trata da trilha sonora tão conhecida em que o som sobe e toma toda a tela. Me refiro a um estilo todo pessoal de marcar um filme. Que me atrai pelo simples fato de que ele conduz a trama e faz com que o público sinta-se embalado pela melodia. Não é fácil inserir esse tipo de estratégia nos filmes. É necessário uma trama que case perfeitamente com a canção escolhida e que uma não sobreponha a outra. É preciso talento para fazer isso.
Talento que pode ser percebido na direção do excelente filme, Brokeback Mountain, dirigido Ang Lee, em que a canção de fundo faz parte de quase toda a oratória fílmica. Outra película que me veio a mente é o magistral clássico, encabeçado por Elizabeth Tailor e Richard Burton, "Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?", direção de Mike Nichols, em que a trama em vários momentos tem o recheio certeiro de uma leve e doce canção de fundo, enquanto as personagens se degladiam em cena.
O filme O Leitor, dirigido por Stephen Daldry e estrelado pela atriz ganhadora do Oscar por este mesmo filme, Kate Winslet, é um caso recente desse tipo de abordagem ou de colagem ou representação da trama no filme. O Leitor é delicadamente narrado por uma canção que surge sorrateiramente lá do fundo e vai nos guiando e emocionando diante do que nossos olhos veem. Espetácular.

Filmes que não se Trocam - Parte I

ATroca, 2008
Pensar em uma mãe zelosa, com seu único filho, morando sozinhos em uma Los Angeles da década de 20, conrropinda por um sitema policial fajuto e desleal e onde a mulher nem de perto chegara a conquistar direitos com os quais pudessem gritar e serem ouvidas, é algo difícil de suportar. Ainda mais quando nos deparamos como uma história real, em que essa mesma mãe se vê em apuros com o desaparecimento do seu filho - e o estado para mostrar eficiência e vender a imagem de competente para a opinião pública - lhe devolve o "filho" sumido.
Retiraria as aspas se o garoto recuperado não fosse parte integrante de um esquema marginal e desumano para tentar convencer e exibir o brilho de uma estrela sintilante no peito, que os policiais americanos tanto adoram. As aspas servem para mostrar que o tal garoto em nada lembra o filho desaparecido. Elas servem também para mostrar que se trata de uma farsa armada pela polícia afim de recuperar o prestígio. No desespero e cercada de repórteres, a triste mãe aceita o embrulho e o leva para casa. Resultado... O bomba explode e o embrulho é devolvido, virando caso de repercussão nacional.
O filme a Troca estrelado por Angelina Jolie e que conta com a participação super especial de Jonh Malkovich, nos mostra os dilemas enfrentados por essa mulher na busca desenfreada em recuperar seu filho, com uma esperança desafiadora de que ele estaria ou esteja vivo. O filme é tocante e abala os sentimentos dos mais brutos dos brutos. Faz ruir a frase de que "homem não chora" e confirma a seguinte de que: as mulheres são demasiadamente choronas. Em a Troca o choro é permitido, porque ele vem de um sentimento mútuo e que atinge a todos: a perda. O desaparecimento de um ente querido.
Mas o que também chama a atenção no filme além do seu enrredo é a pontuada interpretação de Jolie. Digo pontuada porque ela em mãos tem uma personagem rica em todos os sentidos e emoções. Do clichê devastador que se traduz em gritos, choros compulsivos, desmaios, ataques de desespero - o que poderia e é típico de uma situação extrema como essa e que tranquilamente ela(Jolie), poderia se fazer valer afim de interpelar à platéia fazendo-os derreterem em lágrimas e as maquiagens serem eternamente borradas.
Mas não. A mulher de Brad Pitt, mãe de seis filhos não usou desse subterfugio e preferiu conter-se em momentos que oscilavam entre o medo e a coragem; entre a esperança e a temperança... sem perder jamais a dose certa da emoção no tempo correto, na fala mais acertada. A interpretação de Angelina Jolie é magistral porque é demasiadamente humana e não apenas cinematográfica. Ela percebe no silêncio seus grandes momentos. A sua dor é reparada através dos olhares, do fransir de testa, no andar compassado. A esperança que ela dá a personagem que foi real, deve ser fruto de uma pesquisa que pretendia ser fiel a mãe de verdade. O filme envolve do início afim também por lidar com outro sentimento terrível a qualquer ser humano. O sentimento de injustiça. A revolta em estar sendo enganado.
Todos esses são ingredientes fortes que fazem do filme a Troca, uma excelente película que mostra uma atriz, ganhadora de um Oscar, pelo filme Garota Interrompida, em que naquele tempo mostrava passos de uma grande atriz e que agora pôde apresentar todo esse crescimento profissional. O Oscar poderia ser dela sim! Mas não foi e chegou as mãos de uma outra, que maliciosamente envolve a todos com uma dor e uma solidão contagiante que nos desperta até compaixão, frente a uma interpretação repleta de emoções no filme "musicado" O Leitor, dentro de um tema que até hoje causa repulsa, dor, vergonha e revolta.