domingo, 2 de agosto de 2009

Canché: Memória do tempo

Voltar a Canché. Após longos anos.
Décadas de silêncio das lembranças. De memórias perdidas no tempo. Voltar a Canché é poder retornar o tempo e fazer valer a história. A mesma e única rua, a igrejinha onde me batizei e casei ainda é a mesma. A casa em que nasci e me criei contínua lá. Tudo parece intocado pelo tempo. Tudo parece ter paralisado em meio aos dias. Que saudade daquele tempo em que ser criança era jorgar-se na areia farta, dar as mãos e brincar de roda, esconder-se com olhos aflitos e quando pegos caíamos em gargalhadas. Voltar a Canché é um reencontro comigo mesmo. É um recomeço e uma empolgação. Rever as pessoas que ficaram por lá. Naquela simples e singela vila entre as cidades de Jeremoabo e Canudos. Canché tem sua história e minha história é a história de canché.
O documentário Canché: Memória do tempo é um filme que fala de lembranças, dos sentimentos que nos envolvem motivados pelo que carregamos ao longo das nossas vidas. É um filme de reencontro de um tempo guardado na memória. Ao mesmo tempo o filme revela o quanto uma vida aparentemente sem importância e ausente de elementos de atração pode ser revelada como prazerosa e necessária. Porque simplesmente temos a vida que escolhemos. É um filme otimista e reflexivo, quando nos coloca frente a frente, com nossas próprias exigências e padrão do que uma vida tem que ter para ser em si o tempo.