quinta-feira, 23 de julho de 2009

Três

Vai-te desejo insolente. Contamina-se com sua própria vontade... Pérfida. Percorre os caminhos da lamúria e ao final encontre de cara a solidão; Duelo de gigantes. Tenores da tragédia que se anuncia. Recolhe tuas lágrimas e sufoque teus desejos inúteis. As palavras. Os sorrisos. Os beijos um dia imaginados. Nunca mais voltarão a brilhar.

Dois

Venha áspera... Perpetue. Para onde deseja me conduzir. Venha minha doce lembrança e afugente o fantasma que tenta me contaminar com sua fúria voraz. Seduza-me com sua delicadeza e me despreze ao final. Sei que me tomas por inteiro e me deixa ao relento frio e vazio. Suporto tua dor. Suporto tua ausência. Suporto o suportável. Nessa lástima que se alimenta das minhas lembranças. Permito que como pragas se apoderem da vontade e engula o desejo. Prefiro não senti-los. Prefiro exorcizar de dentro de mim. Assim pareço poder ir. Sem rumo, sem perdão, sem memória, sem pegadas. Deixe-me ir...

Um

É um louco. Um louco pervertido pela sua própria fúria. Um animal incandescente que flui sobre a sua própria personalidade. Ele esbraveja, contamina o ambiente com sua lástima. Feros instiga os mais íntimos dos sentimentos. Os coloca a prova e os desafia. Uma dor rompe no peito de quem se torna vítima da insensatez. As palavras soltas aos ventos perpetuam pesadas no ar. Um silêncio se mostra sensato. Uma pausa se manifesta apropriada. Uma lágrima deseja escorrer. Segura, segura... E ela não escorre. Silenciosa ela corta a alma e faz descer uma dor que escorre pelo corpo todo. Deixe-me chorar em paz. Deixe-me esbravejar em silêncio. Deixe-me silenciar em meio à turbulência. Deixe-me só. Deixe-me adormecer em meio à lamúria. Em meio à desobediência dos desejos. Em meio à solidão. Tento me encontrar. Deparar-me e superar. Desolar-me em frio profundo. Sou uma palavra sem sentido. Uma nota em descompasso. Uma dor que me faz calar. Sou a própria dor ao relento.