domingo, 31 de maio de 2009

Exposição On Line

Convergência de mídia é poder integrar várias formas de arte em um único equipamento. A exposição de fotos que virou áudio-visual com narração explicativa do trabalho realizado.

T*rans na estrada

É bom saber que algo que criamos vem agradando a tantas pessoas. Diversas e cada uma com seus saberes, limitações e conceitos. O doc T*rans está conseguindo congregar em torno de si vários pontos de vista. Ele está conseguindo fazer com que as pessoas reflitam em torno do tema e questionem seu próprio pré-conceito e postura diante dessas pessoas tão discriminadas. Isso é muito bom. É a sensação do dever cumprido. Para mim fazer filmes é poder contribuir com meu olhar e sensibilidade, para que alguma mudança surja, após todos os olhares que se debruçaram sobre a minha arte. Estou falando tudo isso porque recebi um telefone da presidente da ATRAS, Milena Passos, que envolta por uma voz de êxtase e choro, me relatou o quanto o vídeo foi fiel a realidade da comunidade das Trans como um todo. O quanto ela ficou emocionada com a forma sútil e delicada com que tratei o tema. Sem distorções. Ainda ao telefone Milena eufórica me confessou que estava em Teresina e que o vídeo foi exibido lá, numa espécia de encontro das travestis de todo o país e que a comoção foi geral. Eu do lado de cá da minha sacada só tenho a agradecer a elas por terem sido tão verdadeiras e por terem confiado em mim suas dores e alegrias, sonhos e desejos. Ah! O doc já estás nas cidades de Aracaju, Brasília, Curitiba e uma outra que agora não me vem na memória. Façam bom proveito dele.

T*rans - Abertura

Está é a abertura do doc T*rans. Ela foi feita toda em preto e branco, utilizando imagens captadas em uma MiniDV. O modo utilizado foi o poético - possibilitando uma estética atraente e que sintetisasse a idéia original do filme. As locações foram pontos em que as trans vivem como a Av. Sete, Praça da Piedade, Rua Chile, Carlos Gomes, orla da Pituba. Ruas escuras, esquinas e igrejas fazem parte da concepção artística. A carro que passeia pela cidade nos remete a busca - alguém que segue sem rumo, sem objetivo ou alguém a procura de uma travesti. É o olhar da sociedade que conduz aquele carro. O túnel serve como elemento de interseção entre a realidade da noite, da busca por algo, por alguém e a realidade das trans. A música é uma composição do maestro Zeca Freitas. A interpretação é da cantora baiana Lia Chaves. A música se chama Ella.

O contorno da Santa

A santa e seu contorno. Em preto e branco a santa se projeta. Iluminando o breu e clareando o desconhecido. A santa em pé se projeta numa moldura criada pelo tempo.

A sombra da santa

A santa faz sombra. A luz projeta seus contornos e grava na parede branca sua essência. A santa se faz presente na sombra pintada.

Hotel Pálace

Como o tempo se confunde. O atual e o antigo se distanciam porque são opostos. São díspares que caminham lado a lado. O velho hotel observa o tempo passar e no vai e vem o novo surge a cada dia. O hotel Pálace contínua lá. O ônibus com certeza irá virar sucata. Sucata que cede espaço para que outros cheguém e mirem o hotel. Nesse eterno vai e vem ninguém é ninguém.

Poesia do tempo

Mirando o mar ele deixa o tempo passar. Como se embalado pelo som quem vem das ondas, que nas pedras estraçalham em pingos d´água. Ele sopra junto com o vento a poesia do tempo. Das ferrugens, das batalhas que passou ele permanece mudo, quieto. Fala canhão e solta teu fogo sobre os mares. Rebusque a paisagem com pólvora e boooom.

Hotel São Bento

Hotel São Bento. O tempo é cruel. O esquecimento pior ainda. Imponente ele se faz presente. Ei... estou aqui. Olhem para mim. Um hotel hoje esquecido, abandonado. Quantas histórias ele não reserva? Quantas pessoas passaram, entraram e foram embora. O hotel badalado de antes agora cala diante dos olhos que não o admiram mais. Cruel esses olhos não?

Nostálgia e solidão

Uma árvore solitária. Me desprenda raízes da terra e me deixem seguir mar adentro. Como aquele návio a cruzar os mares. Sou nuvém cinza a espera de chuva. Sou baía tranquila a espera de ondas gigantes. Sou sombra de um sol que se esconde. Sou baloustrada desgastada pelo tempo. Sou nostalgia e solidão a espera de casais apaixonados. Encostem em mim.

Igreja ao fundo

Quero me encher de poesia e fazer trilhar no tempo o descompasso, para que preserve, para que se vendo ao fundo me represente e diga que há crença no fim da rua. Maltratada as pedras nos apresentam o caminho e o fim parece ser o início. Um registro no tempo para que ele não se apague e se perca no encontro com o desafeto. A poesia da arte da fotografia está justamente em poder eternizar o que agora a pouco o homem se fez apagar. Das calçadas molhadas do pelourinho, com pessoas traseuntes que trafegam sabendo para onde querem ir. A foto revela a tristeza que carrega em um dia cinza numa tarde chuvosa, onde o tempo parece parar. A igreja ao fundo revela o quanto de nós existe no caminho que nos leva e nos conduz a religiosidade. A igreja ao fundo desperta o tempo e lhe diz: Eu ainda estou aqui. Amém.