terça-feira, 25 de agosto de 2009

Filmamos a morte

Gente! Finalizamos o curta-metragem, "A morte me passou a perna."
Na postagem anterior, coloquei fotos das provas na locação. Testamos os adereços, a cenografia e a luz para que ficasse de acordo com o roteiro e principalmente porque se tratava de um plano sequência. E fazer um plano sequência não é nada muito fácil. Tudo precisava estar no devido lugar para que a filmagem seguisse o curso da história.
Só de objetos de composição do local onde se passa a história eram mais de 200, entre santos, bonecas, imagens, panos e livros, sem contar a luz projetada e pensada artísticamente para cada cena. A locação perfeita foi o especial ateliêr do artísta plástico Iuri Sarmento.
O resultado foi um vídeo que se diferencia em ousar em um plano sequência de cinco minutos e que trata de um assunto super delicado como a morte e principalmente a superação da morte, de um ato de desespero. O vídeo é um alerta para a valorização da vida.
Em cada um dos três depoimentos, interpretados por não atores (era importante que não fossem atores) , é colocada uma situação diferente, de vidas diferentes e de pessoas diferentes. O cenário foi artísticamente idealizado para agregar os personagens. A luz cada uma em cores diferentes apresenta os personagens. A música é a "Sonata do Luar" de Beethoven modificada especificamente para o vídeo. Pensei em uma música clássica mas que pudesse adaptar para algo diferente. Principalmente quando a música é bastante conhecida (o que foi nosso caso propositadamente) e o resultado ficou extremamente com o que eu pensei.
Enfim... Ficou pronto e eu gostei bastante.
Vejam as fotos e depois vocês poderão assitir. Falei depois...
Fotos: Dimitri Sarmento e Fábio Salmeron

sábado, 22 de agosto de 2009

A Morte me Passou a Perna

A morte me passou a perna
Um curta de cinco minutos com aspas de doc. Pretencioso ele invade o imaginário confuso e dialético alheio. Relatos do fundo do buraco. De pessoas que perderam a lucidez e se jogaram na loucura por desaparecer. Relatos que brotam do mundo. Do lugar comum. Do desejo de sumir. Quem nunca sentiu uma sensação estranha dentro de si? Sensação esta que provoca os mais estranhos sentimentos. Algumas pessoas sem mentir se jogam nesse poço de escuridão. E se não vão. Acordam com uma estranha e indelicada consciência do perdão. Agora eles podem fazer diferente. agora eles puderam conhecer o outro lado de uma história que parecia não ter mais nenhum sentido. Veja, escute e não façam a mesma coisa.
Hoje, dia 21 e a madrugada do dia 22 de agosto, 3h55, eu e meu parceiro de transações cinematográficas Dimitri ,testamos a luz, a arte, o cenário e o som na produção do curta metragem "A morte me passou a perna." Um curta de cinco minutos, filmado em uma única sequência, totalmente sem corte, sem edição de nada. Filmado no cuspe mesmo. Coisa complicada de fazer. Ainda mais quando trabalhamos com atores que não são profissionais. Mas que tem emoção para passar. Daí vem uma intevenção do gênero documentário. A locação é um sotão atelier no Santo Antônio. O lugar perfeito para o ambiente do filme. A luz projetada e pensada para criar toda a atmosfera que configura o filme. O universo louco, insano e verdadeiro daqueles que decidem tomar a difícil decisão de abrir mão da vida e a morte ao invez de acolher, lhe passou a perna. São relatos de situações que podem e acontecem com todos que de uma forma ou de outra, não se encaixam, não se enquadram, dentro do formato que é apresentado para seus olhos.
Gostem... ou não. Você já pensou assim. Sorte ainda estar aqui.
Fotos: Dimitri Sarmento
Ah!!! As fotos não tem efeito a não ser o olhar de quem captou e o ambiente que artísticamente se configurou.

sábado, 8 de agosto de 2009

Mais uma taça

Caramba... como é difícil cantar uma canção, que você gosta, e ter que ser, estar afinado. // Posso cantar dentro dos desafinos que minha voz me permite ser?// Caramba mais uma vez - manifesta a minha frustração em ter que permanecer calado em meio as palavras que penetram pelos meus ouvidos e me tornam mudo// Mudo permaneço calado e calado permaneço.// Me deixe assoviar sem afinações.// Errar sem ter que pedir perdão.// Gostar sem ter que me arrastar.// Como diz Vanessa, Amado, sempre será motivo de canção.// Mesmo que esse tal alguém não seja seu.// Cante... Vibre... Brilhe...// Desabafo de uma noite, de uma taça que não deixo jamais secar.// É assim amada... Taça cheia.

O ser que há em mim sou eu

O ser que há em mim sou eu// No tempo gasto o próprio tempo// E tento reinventar no tempo, meu próprio alívio// Ver, percerber e tentar viver sem ter que ser o ser que o outro imagina você ser // Sou meu próprio ser e apenas em ser // Sou o eu que me queima a pele e me faz perceber// que é preciso ser, para ser, ainda que todos digam não// O ser que você quer e deseja ser.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Lamento do pó

Lamento do pó é um sopro. Entre espirros e reclames as palavras reverberam no tempo. Entre um sopro e o assovio as lamentações e os desejos tomam forma e se transformam em palavras. Lamento será além das palavras uma experiência de vídeo-arte. Em breve tomará os seus olhares. Com vocês o texto... Lamento do Pó Ato I Recostada à parede gasta Cada movimento em sombra se projeta na parede que marca Olhar para ela é lembrar-se do passado que ficou Impregnado na parede que lasca De pedaço em pedaço meu coração se dilacera Empurrado pela parede mágica Minhas lembranças saltam do meu corpo e arrancam suspiros pífios de dentro de mim Arranca-me parede muda, salta sobre mim e me deixe passar tranqüila Sou mais um pedaço daquele tijolo que despencou lá do alto, do alto da parede, que existe dentro de mim. Ato II Fragmentos de poeira sobre meu cabelo Nesse pó vejo minha vida passar inteira Cada retrato moldado com o tempo Marcado sobre a moldura que se alojou dentro de mim Olho para cada detalhe e vejo o quanto que ficou estagnado no tempo, De tempo em tempo removo os quadros e me vejo de novo limpa no tempo Ao final o quadro torto caiu... Colocaram outro em meu lugar. Ato III Amor, amor, amor Deixe-me invadir por mais uma vez o pouco que restou ainda dentro de ti Recolho a poeira do tempo Encostada pela parede gasta E tento reencontrar você Liberto o mais puro amor que um dia adormeceu dentro do meu coração Este meu eterno calabouço Minha eterna lamentação Ainda me resta um único suspiro Talvez para lhe dizer que cheguei Talvez para lhe ouvir dizer que o adeus enfim chegou. Contínuo esquecida no chão

domingo, 2 de agosto de 2009

Canché: Memória do tempo

Voltar a Canché. Após longos anos.
Décadas de silêncio das lembranças. De memórias perdidas no tempo. Voltar a Canché é poder retornar o tempo e fazer valer a história. A mesma e única rua, a igrejinha onde me batizei e casei ainda é a mesma. A casa em que nasci e me criei contínua lá. Tudo parece intocado pelo tempo. Tudo parece ter paralisado em meio aos dias. Que saudade daquele tempo em que ser criança era jorgar-se na areia farta, dar as mãos e brincar de roda, esconder-se com olhos aflitos e quando pegos caíamos em gargalhadas. Voltar a Canché é um reencontro comigo mesmo. É um recomeço e uma empolgação. Rever as pessoas que ficaram por lá. Naquela simples e singela vila entre as cidades de Jeremoabo e Canudos. Canché tem sua história e minha história é a história de canché.
O documentário Canché: Memória do tempo é um filme que fala de lembranças, dos sentimentos que nos envolvem motivados pelo que carregamos ao longo das nossas vidas. É um filme de reencontro de um tempo guardado na memória. Ao mesmo tempo o filme revela o quanto uma vida aparentemente sem importância e ausente de elementos de atração pode ser revelada como prazerosa e necessária. Porque simplesmente temos a vida que escolhemos. É um filme otimista e reflexivo, quando nos coloca frente a frente, com nossas próprias exigências e padrão do que uma vida tem que ter para ser em si o tempo.