sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Lamento do pó
Lamento do pó é um sopro. Entre espirros e reclames as palavras reverberam no tempo. Entre um sopro e o assovio as lamentações e os desejos tomam forma e se transformam em palavras. Lamento será além das palavras uma experiência de vídeo-arte. Em breve tomará os seus olhares. Com vocês o texto...
Lamento do Pó
Ato I
Recostada à parede gasta
Cada movimento em sombra se projeta na parede que marca
Olhar para ela é lembrar-se do passado que ficou
Impregnado na parede que lasca
De pedaço em pedaço meu coração se dilacera
Empurrado pela parede mágica
Minhas lembranças saltam do meu corpo e arrancam suspiros pífios de dentro de mim
Arranca-me parede muda, salta sobre mim e me deixe passar tranqüila
Sou mais um pedaço daquele tijolo que despencou lá do alto, do alto da parede, que existe dentro de mim.
Ato II
Fragmentos de poeira sobre meu cabelo
Nesse pó vejo minha vida passar inteira
Cada retrato moldado com o tempo
Marcado sobre a moldura que se alojou dentro de mim
Olho para cada detalhe e vejo o quanto que ficou estagnado no tempo,
De tempo em tempo removo os quadros e me vejo de novo limpa no tempo
Ao final o quadro torto caiu... Colocaram outro em meu lugar.
Ato III
Amor, amor, amor
Deixe-me invadir por mais uma vez o pouco que restou ainda dentro de ti
Recolho a poeira do tempo
Encostada pela parede gasta
E tento reencontrar você
Liberto o mais puro amor que um dia adormeceu dentro do meu coração
Este meu eterno calabouço
Minha eterna lamentação
Ainda me resta um único suspiro
Talvez para lhe dizer que cheguei
Talvez para lhe ouvir dizer que o adeus enfim chegou.
Contínuo esquecida no chão
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